Conhecidos por suas historias de fantasmas, os Maraguás tem em sua mitologia uma rica e variada cultura de seres e visajes. Desde criança, quando passam a ouvir as historias tradicionais, os maraguás se dedicam a contação de historias.
Aprimorar a arte valorizando o suspense passado nos melhores horários é sempre o desejo dos contadores de historias. Historias de fantasma é o bom nos momentos de descontração, principalmente aos por de sol.
Quando chega a noite e a escuridão toma conta da aldeia, os adultos vão se achegando a mirixawaruka – casa de conselho, e aos poucos é iniciada a sessão de historias que pode durar horas – boa parte da noite. As crianças também têm seus momentos de contação de historias, que são as fabulas e contadas geralmente pelos malylis ou outros contadores de historias. Mesmo assim, preferem a sessão dos adultos, onde as visajes ganham temas especiais.
Na mitologia, as entidades têm grande importância para a natureza. As visajes também, mas algumas são malignas por demais deixando a proteção do meio ambiente em segundo plano. As visajes e seres fantásticos da natureza são muitos e todas habitam a crença dos moradores do rio Abacaxis.
Sendo base da antiga religião, as entidades se dividem em classes segundo a ordem dos seres e de seus poderes. Alem dos deuses Anhãga e Monãg, do semi-deus Wasiry e dos espíritos protetores Tapirayawara, Çukuywéra, Ka’apora’rãga, Pirá’ákãg, Yanawy e Kaçawawaçú’rãga, (que fazem parte das histórias de origem e são tidos como sagrados) existem as entidades que dão medo:
Waurãga – Que em língua sateré recebe o nome de “ga’apy’sy” são as mães-da-mata que protegem seu espaço e o lugar onde habitam.
Wãkãkã ou Myra’ãga – são as visajes (assombrações e fantasmas) propriamente ditas. Procuram só fazer o mal. Os que pertencem a essa classe são: Kunhãgwera, Pó-kwára, Pi~to-piroka, Ipuré, etc.
Seres – são entidades cujos corpos mais se aproximam do ser humano. Eles são muitos, os principais são: Guayára, o Mapinguary, os Jumas e os Kurupyras.
Encantados - São seres que não foram criados por nenhum deus ou semi-deus. Segundo a religião Urutopiãg, já existiam antes de haver mundo. São eles: A Pirayba, a Jiboia, a Boiaçú e os Wiára – ou botos-gente (também chamados de companheiros do fundo) que habitam as cidades encantadas do fundo dos rios amazônicos.
Waurá-kãkãnema – são os amimais propensos a manifestação das visajes denominadas Waurá-anhãga (visajes que precisam de corpos para se manifestar), das waurãga ou de pessoas que por pacto com o espírito mal, são capazes de se transformarem em visajes e assim “malinar” dos caçadores, dos pescadores ou qualquer pessoa que tenha despertado sua raiva.
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